Quando lançou o Tiguan AllSpace em 2018, a Volkswagen prometeu uma “enxurrada” de SUVs dentro de sua gama de veículos. Veio o T-Cross em 2019 e agora, em 2020, o Nivus. Há de se pontuar que o mais recente é o mais importante dos três. Projetado e desenvolvido no Brasil, o Nivus acabou se tornando um produto global. Será produzido na Espanha e vendido na Europa.
Feito em São Bernardo do Campo (SP), ele é o primeiro SUV cupê do segmento de compactos. Ou seja, um modelo que mescla a altura livre do solo maior com o estilo de cupê na parte final da carroceria.
Isso faz com que ele atraia olhares por onde passa, mas não esconde suas semelhanças com o Polo, de quem deriva. Na visão lateral, as portas têm a mesma folha e a diferença surge a partir da coluna C. Ainda assim, a dianteira e a traseira têm visual exclusivo. Atrás, semelhança com o T-Cross apenas na faixa preta que liga as lanternas. As linhas foram concebidas no Brasil, por um brasileiro, o designer José Carlos Pavone, chefe da divisão da VW América Latina.
De perto, o Nivus parece um SUV. Mas de longe ele perde a imponência e parece um hatch que tomou anabolizantes e não faltou nos treinos da academia. E tem aptidão para agradar os antigos donos de Golf que, segundo a marca, não devem esperar pela nova geração por aqui.
Gama enxuta
O Nivus tem duas versões, Comfortline e Highline, De série para as duas versões há seis air bags, controle de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. Há ainda câmera traseira, faróis e lanternas de LEDs, sensores de obstáculos traseiros, sistema Isofix e Top Tether de fixação de dispositivos de retenção de cadeirinhas de criança.
Há ainda espelhos externos com recolhimento elétrico, freio a disco nas quatro rodas e saídas de ar-condicionado e entrada USB para uso dos ocupantes do banco traseiro.
A versão de topo Highline adiciona aos itens de série volante de couro com aletas para trocas de marchas, faróis de neblina de LEDs, ar-condicionado automático, sensores de obstáculos dianteiro, de chuva e luminosidade, chave presencial para abertura do carro e partida por botão.
Por fim, ele traz a central multimídia VW Play com tela de 10,1 polegadas (leia mais abaixo), controle de velocidade adaptativo e frenagem autônoma de emergência. Esses dois últimos itens são exclusivos do Nivus na categoria de SUVs compacto no País.
O Nivus usa a plataforma modular MQB de Polo e T-Cross e se situa entre ambos. Isso significa que o espaço entre o eixo dianteiro, a parede corta-fogo e a posição dos pedais e da coluna de direção é a mesma para todos os carros. Isso, inclusive, ajudou a reduzir o desenvolvimento de três para dois anos.
Seu entre-eixos é menor que o do T-Cross, com 2,56 metros contra 2,65 m. Isso reduziu o espaço interno para quem vai atrás, mas ainda atende dois adultos de até 1,80 m com conforto.
Diferentemente do Polo, não tem assoalho plano, então o quinto ocupante tem o túnel e a entrada de ar entre as pernas. O teto com caída maior limita o banco traseiro para quem tem até 1,9 m por causa da cabeça.
Seu comprimento de 4,26 m é 7 cm maior que o do T-Cross. E isso virou ganho no porta-malas. São até 420 litros – 47 litros a mais o “irmão”. Por dentro, ele sofre com o mesmo “senão” do Polo e T-Cross. O acabamento de painel e portas destoa do resto do conjunto com um plástico duro, bem como no console central.
O volante é novo e traz o símbolo renovado da VW. Ele faz companhia, na versão Highline, ao painel de instrumentos virtual e configurável. A posição de guiar é fácil de encontrar e a ergonomia para os demais comandos a bordo também é simples e agradável.
Motor e dirigibilidade
O Nivus tem apenas o motor 1.0 três-cilindros turbo e flexível. Ele rende até 128 cv e 20,4 mkgf com etanol. O câmbio é o automático de seis marchas com função sport. A VW considerou uma versão manual, mas disse que não havia público, segundo pesquisas.
Esse conjunto permite ao Nivus acelerar de 0 a 100 km/h em 10 segundos e atingir a velocidade máxima de 189 km/h. Como no T-Cross, atende bem, não dá para esperar esportividade.
São retomadas e ultrapassagens sem sustos, mas não há respostas apimentadas que combinem com o visual. Ai caberia o motor 1.4 turbo de 150 cv do T-Cross Highline e das versões GTS do Polo e Virtus.
É quando se exige fôlego do Nivus que se percebe a melhora no isolamento acústico ante o hatch. O som tintilante do três-cilindros não invade a cabine quando se pisa fundo no acelerador. A suspensão é independente na frente e de eixo de torção na traseira, como os “irmãos”. E está 27,5 mm mais alta que no Polo. São 10 mm na suspensão e os 17,5 m no conjunto roda e pneu.
Apesar disso, a dirigibilidade não é afetada. O modelo encara bem as curvas e a carroceria balança pouco. E mesmo com um corpo maior, a direção tem respostas bem diretas e ágeis para seu porte.
Nivus estreia a VW Play
A nova central multimídia da Volkswagen, batizada de VW Play, também é um produto nacional. Ela foi criada e desenvolvida pensando nos desejos do consumidor brasileiro. Que é, segundo a marca, um dos mais exigentes em termos de conectividade.
Ela estará também em outros modelos da Volks e visualmente se destaca pela tela de 10,1 polegadas. Ao ligar, a nitidez surpreende. Ela tem resolução Full HD, o que permite até visualizar vídeos em alta definição. Além da boa qualidade, a tela tem uma resposta rápida aos comandos.
Entre as funções disponíveis estão alteração de tamanho dos ícones para destacar os mais usados dos menos acessados. Ela traz o “modo valet” função até então disponível apenas para carros mais caros. Ao entregar o carro em um estacionamento ou manobrista, você pode travar a tela com uma senha e impedir qualquer uso.
O aplicativo “Meu VW” que surgiu no Virtus, com o manual de instruções virtual para o smartphone, agora está dentro da VW Play. O sistema aprende com as perguntas para aumentar o repertório, mas ainda trabalha com perguntas simples ou termos únicos.
VW Apps
Ele também estreia a loja de aplicativos VW Apps. Estarão disponíveis na chegada do carro o de estacionamento e zona azul (Estapar), da Porto Seguro, que permite pedir atendimento pela tela, aplicativos de audiolivros, de navegação com o Waze, do ifood e o Deezer de streaming de música. Com isso é possível livrar espaço de apps no smartphone.
Para os aplicativos e as futuras atualizações de sistema, há memória interna de 10 GB que, segundo a marca, foi concebida em termos de software e hardware já pensando nas melhorias futuras que virão na central.
O calcanhar de aquiles do sistema é que o carro não oferece a opção de rede 4G nativa, como o Chevrolet Tracker. Então para usar os apps é preciso compartilhar a rede 4G do seu smartphone.
Ela tem o “básico” também: integração com a Apple Car Play e Android Auto. O iPhone já pode ser sem fio, enquanto que para smartphones com Android ainda é via cabo. Apesar do sistema ser baseado em Android, a central não é aberta para modificações ou alterações.
De acordo com a VW, é possível saber se alguém tentar desbloquear ou alterar a central quando for realizada uma conexão para atualização ou uso dos aplicativos.
FICHA TÉCNICA – NIVUS HIGHLINE
Motor: 1.0, 3 cil., 12V, turbo, flexível
Potência (cv)*: 128 a 5.500 rpm
Torque (mkgf)*: 20,4 a 2.000 rpm
Câmbio: Automático, 6 m.
Comprimento: 4,26 metros
Porta-malas: 415 litros
PRÓS E CONTRAS
PRÓS – VISUAL
O Nivus se destaca por um visual que foge do comum dos demais VW e agrada por onde passa.
CONTRAS – ESPAÇO ATRÁS
O porta-malas cresceu, mas para isso prejudicou o espaço interno de quem vai atrás.
Fonte: Estadão